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Rick Owens: Temple of Love

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Paris acolhe um dos seus filhos adotivos mais enigmáticos e provocadores da moda contemporânea. De 28 de junho de 2025 a 4 de janeiro de 2026, o prestigioso Palais Galliera apresenta "Rick Owens, Temple of Love", a primeira grande retrospectiva parisiense dedicada ao estilista americano que redefiniu os códigos da alta-costura com sua estética sombria, arquitetural e profundamente poética.

Um Criador Forjado Entre Los Angeles e Paris
A trajetória de Rick Owens é uma narrativa de reinvenção constante. Nascido em 1961 na Califórnia, iniciou sua carreira como patronnier em Los Angeles antes de lançar sua marca homônima em 1994. No início, limitado por recursos, desenvolveu uma abordagem singular: transformar materiais recuperados, couro lavado, cobertores do exército, malhas reaproveitadas, em peças de alta sofisticação. Essa prática, que hoje chamaríamos de upcycling, não era apenas uma solução prática, mas também um gesto estético e político, antecipando debates atuais sobre sustentabilidade.

A Paleta da Transgressão
A identidade cromática de Owens tornou-se uma de suas assinaturas mais reconhecíveis. Tons escuros, o preto absoluto e o cinza dust (poeira do inglês), marcam sua obra. Essa escolha ultrapassa a estética: traduz um posicionamento contra os excessos da moda comercial e a favor de uma sobriedade quase ritualística.

Paris: O Palco da Revolução
A mudança para Paris em 2003 abriu um novo capítulo na vida do designer. Longe de suavizar sua visão, ele intensificou sua dimensão crítica e artística. Seus desfiles transformaram-se em verdadeiros manifestos, explorando temas como inclusão, diversidade e a desconstrução das normas de gênero. 
Sua obra expandiu-se para formas cada vez mais esculturais, incorporando não só o peso da tradição, mas também novas cores e experimentações, em resposta às tensões de um mundo em crise.

Uma Exposição Monumental
O Palais Galliera reúne mais de 100 silhuetas, instalações imersivas, vídeos e arquivos pessoais do criador. Mas a retrospectiva vai além da simples apresentação de roupas: transforma-se em uma experiência sensorial que coloca o visitante dentro do universo radical de Owens.
A mostra também estabelece diálogos entre o trabalho do designer e grandes nomes da arte moderna e contemporânea, como Joseph Beuys, Steven Parrino e Gustave Moreau, revelando a densidade intelectual que sustenta suas criações.

Michèle Lamy: Musa e Colaboradora
Falar de Rick Owens é falar de Michèle Lamy, sua parceira de vida e criação. A exposição dedica um espaço fundamental à sua presença, culminando na reconstrução do quarto californiano compartilhado pelo casal. Mais que musa, Lamy é coautora de um imaginário comum, onde vida íntima e arte se entrelaçam de forma inseparável.

Transformação Arquitetural
O estilista não apenas ocupa, mas reconfigura o Palais Galliera, um palácio do século XIX que, sob sua visão, se torna um templo contemporâneo. Fachada, galerias e até o jardim do museu são incorporados ao percurso expositivo, numa abordagem quase arquitetural que reflete sua visão multidisciplinar.

Acessibilidade e Experiência
A exposição funciona de terça a domingo, das 10h às 18h, com abertura noturna às sextas até às 21h. Os ingressos custam 14€ (inteira) e 12€ (reduzida), sendo a entrada gratuita para menores de 18 anos. Há ainda visitas guiadas especializadas, permitindo ao público mergulhar nas inspirações e nas tensões que moldaram o legado de Owens.

 

Sobre o autor: Meu nome é Günther Masi Haas. Sou desenvolvedor web, e atualmente trabalho também como designer multimídia na Biarritz Turismo. Apaixonado por cultura e história, escrevo sobre diversos aspectos da história da França e suas ricas tradições. Para saber mais sobre meu trabalho, siga o blog e acompanhe minhas publicações.

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