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O Ladrão Cavalheiro que Encantou o Mundo

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Você está por dentro das últimas notícias?  No dia 19 de outubro de 2025, o Museu do Louvre sofreu um ousado assalto durante a manhã, quando um grupo de assaltantes roubou várias peças da antiga coleção imperial francesa, usando um elevador de carga para acessar diretamente a Galeria Apollo. O episódio, executado em cerca de sete minutos, segundo fontes, chocou o mundo da arte e levou o museu a fechar as portas por “razões excepcionais”.

Nos comentários das redes sociais e manchetes, um nome surgia repetidamente: Arsène Lupin. O lendário ladrão-cavalheiro criado por Maurice Leblanc há mais de um século voltou ao imaginário coletivo, não como inspiração, mas como comparação inevitável diante de um crime tão audacioso.

E é justamente sobre ele que vamos falar hoje: Arsène Lupin, o personagem que há mais de um século fascina leitores e espectadores ao redor do mundo.

Maurice Leblanc e o Nascimento de uma Lenda
Maurice Leblanc (1864–1941) era um escritor francês que, no início do século XX, buscava seu lugar no competitivo mundo literário parisiense. Em 1905, Pierre Lafitte, editor da revista Je Sais Tout, desafiou Leblanc a criar um personagem que pudesse rivalizar com o sucesso de Sherlock Holmes, o detetive de Arthur Conan Doyle que dominava a imaginação do público.
Leblanc aceitou o desafio, mas com uma reviravolta genial: em vez de criar mais um detetive, ele inventou um ladrão. E não qualquer ladrão, mas um criminoso charmoso, inteligente, mestre do disfarce e dotado de um código de honra peculiar. Assim nasceu Arsène Lupin, cuja primeira aventura, L’Arrestation d’Arsène Lupin (A Prisão de Arsène Lupin), foi publicada em julho de 1905.
O sucesso foi imediato e avassalador. O que deveria ser uma história isolada transformou-se em uma série de romances e contos que acompanharia Leblanc por toda a vida. Entre 1905 e 1941, o autor publicou cerca de vinte romances e quase quarenta contos protagonizados por Lupin, consolidando o personagem como um dos maiores ícones da literatura popular francesa.

O Personagem: Mais que um Ladrão
Arsène Lupin não é um criminoso comum. Ele é a personificação da Belle Époque francesa: elegante, espirituoso, sedutor e irreverente. Com sua cartola, monóculo e bengala, Lupin rouba dos ricos e corruptos, frequentemente ajudando os mais fracos. É um Robin Hood sofisticado, operando nos salões aristocráticos de Paris em vez das florestas inglesas.
O que torna Lupin verdadeiramente fascinante é sua dualidade. Ele vive múltiplas identidades simultaneamente, sendo capaz de se infiltrar em qualquer ambiente social. Pode ser um detetive renomado, um aristocrata influente ou um mendigo nas ruas de Paris. Essa fluidez de identidade, somada à sua inteligência brilhante e ao seu charme irresistível, faz dele uma figura complexa e cativante.
Diferentemente de outros ladrões literários, Lupin possui um código moral. Ele raramente usa violência, prefere o engenho à força bruta e tem um senso de justiça que, embora próprio, o torna mais um anti-herói do que um vilão. Nas histórias de Leblanc, ele frequentemente enfrenta criminosos mais cruéis, protege inocentes e até colabora com a polícia quando seus objetivos se alinham.

Influência na Cultura Pop
A influência de Arsène Lupin na cultura popular é imensa e duradoura. O personagem não apenas definiu o arquétipo do “ladrão-cavalheiro”, como inspirou inúmeras criações em diferentes mídias ao redor do mundo.
No cinema e na televisão, Lupin já foi retratado dezenas de vezes desde sua primeira aparição. No Japão, o personagem ganhou vida própria com Lupin III, criado em 1967 por Monkey Punch, como o neto do Arsène Lupin original, gerando uma franquia massiva de animes e filmes que continua até hoje. Um destaque especial é Lupin III: O Castelo de Cagliostro (1979), o primeiro longa-metragem de Hayao Miyazaki, considerado uma obra-prima da animação que influenciou gerações de cineastas.
Mais recentemente, em 2021, a Netflix lançou a série Lupin, estrelada por Omar Sy, que se tornou um fenômeno global ao reimaginar o legado do personagem na França contemporânea, prova de que o ladrão-cavalheiro permanece relevante mais de um século após sua criação.

O Legado Eterno do Ladrão-Cavalheiro
O roubo de hoje no Louvre, e como ele fez evocar o nome de Arsène Lupin, mostra como o personagem permanece presente no imaginário coletivo francês e mundial. Curiosamente, o Louvre já foi palco de outro roubo histórico que marcou o imaginário mundial: o furto da Mona Lisa, em 1911. Esse episódio transformou a pintura no símbolo que conhecemos hoje. Já falamos disso no primeiro episódio de nossa série Grandes Pinturas, confere lá.

 

Sobre o autor: Meu nome é Günther Masi Haas. Sou desenvolvedor web, e atualmente trabalho também como designer multimídia na Biarritz Turismo. Apaixonado por cultura e história, escrevo sobre diversos aspectos da história da França e suas ricas tradições. Para saber mais sobre meu trabalho, siga o blog e acompanhe minhas publicações.

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